quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

When music brings us memories

 


Struggling with memories not so happy.
Struggling with memories brought by each note of joyful melodies
That fill the entire room
Wherever we are.

Happy songs for you,
But not for me.
They remind me a time of a huge turbulence in my life
They remind me another me
Rediscovering love,
Hoping just being loved.

Actually good music can bring us bad memories
But at a certain distance
(and especially at a certain inner growth),
It´s possible to draw a tiny smile in our face
Even feeling fragile inside

Fátima Henriques

Unexpectally sometimes it sounds me better in english. 
That's how words come from my mind. I just listen to and put them into the paper.
[19-12-2021]

sábado, 4 de dezembro de 2021

Despe-te e vive!

 


O Inverno chega e com ele as temperaturas baixas. Começa a ficar frio. Muito frio.
Vestimos uma camisola, outra camisola, um casaco e um casacão. Camada a camada, vestimo-nos para nos protegermos do frio, não vá chegar-nos aos ossos e às cartilagens.

Assim como no Inverno, tendemos ao longo da vida, ao longo dos anos, ao longo do ano, a vestir capas sobre a nossa pele para "protegermos" o melhor de nós. Ou, simplesmente, para que não cheguem até nós. Vestimos o medo, a insegurança, a precaução, anseios... enfim, toda uma panóplia de camisolas que vão ocultando a nossa autenticidade. O nosso âmago fica tão bem guardado que nem nós próprios, muitas vezes, lhe conhecemos o potencial.

Sonhos ficam por realizar, palavras ficam por dizer, dons e talentos ficam por fazer render, alegrias ficam por sentir, vida que fica por viver.

O Inverno chega, arrefece, mas tem hora para ir embora. Na mala leva as camisolas, os casacões e as mantinhas do sofá.

Não tem mal, sazonalmente, vestirmo-nos até às entranhas. Afinal, viver não é um caminho linear. É normal sentirmos receios e anseios, tristeza e preguiça, fraqueza e insegurança. Agora cabe-nos vestir estas capas apenas nos invernos da nossa caminhada e fruir das demais estações. Só assim seremos nós.


Que camisolas vestes que te impedem de ser quem és? 






quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Espremer até não mais doer

 










Tenta com garras de leoa
Rasgar a fissura da parede
Obrigá-la a ceder para entrar
Apertar-se tanto até que a dor não doa
E as lágrimas congelem caídas
Do seu triste, dilacerado olhar.

Quer espremer-se tanto
Até que as entranhas lhe digam
O que anda ela a fazer
Para aquele tormento acontecer.

Quer saber do que a acusa
Não para se defender ou contra-atacar
Quer perceber por que está tão irado
Para que possa melhorar.

Fátima Henriques


(sujeito poético: ela)

sábado, 4 de setembro de 2021

pés e marés

 


Atónitos,
Não queriam acreditar
À sua frente desfilavam
As amadas com quem queriam casar

Fizeram-se ao caminho
Entusiasmados
Sobre a areia ciumenta
Que insistia em reclamar:
Tantas juras de amor ao luar
E afinal querem a água do mar

Eles seguiam sem se importar
Alienados pela fresca maresia
Queriam abraçar com fervor
As ondas vestidas de branco
Que rebentavam de alegria.

Os pés!

A sua pele faminta
De sol, de sal, de mar
Procura na terra da praia
O seu sereno lugar.
Deseja ser raiz
Para chegar às profundezas
Enrolar-se na candura das vagas
E para sempre ser feliz!

Fátima Henriques

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Catarse

 


Chorava desalmada,
Apavorada,
Sem medo de nada.
Se ao menos pudesse eclipsar
Num grito alto e estridente
Se ao menos pudesse não estar,
Não ser, não existir
Ou estar só simplesmente.
Deixar-se cair.

Às vezes é preciso deixar-se ir
Cair, ir lá ao fundo
Voar bem para dentro de nós
Desatar nós 
Limpar com água de sal,
Que nos escorre das entranhas,
O nosso âmago
O nosso mais verdadeiro eu
O único e o exclusivo.

Vem a catarse
Desabrocha o sorriso
Há brilho no olhar
Estamos de volta
Queremos sonhar.

Fátima Henriques

sábado, 31 de julho de 2021

Há beleza na ruína

 


Encontrei beleza na ruína.
Enquadrei. Fotografei.
Audácia minha, gostaria era de a ter pintado.
À pincelada, a imaginar o que outrora havia sido.
Porque até na ruína podemos ver o Belo.
Mente aberta, coração atento
Para sentir, imaginar, fazê-lo.


Fátima Henriques










domingo, 30 de maio de 2021

a solução

 

A solução está
Em não deixar para amanhã,
Dizem.
Pode estar em nada fazer
Ou fazer tudo
para não esquecer,
Dizem.

A solução está
Numa mente sã,
Louca q.b.
Amanhã, logo se vê,
Digo.

Sentada à beira-ria
Agradeço a aragem.
Aproveito para relaxar,
Saborear
E escrever esta mensagem.

Fátima Henriques




segunda-feira, 24 de maio de 2021

Irmã

 

Irmã,
Boneca com vestido de lã,
Doce nuvem de algodão
Que te envolve e aquece,
Que te admira e enaltece.
Ela é chama, é furacão,
É quem melhor te conhece.

Carne da mesma carne,
Lar do mesmo lar.
Não importa o tempo que passa,
Ela está para apoiar.
Não importa as asneiras que faça,
Ela está para ouvir e aconselhar.

Em ti tenho a atenção e o colo,
Em mim encontras algum consolo.
Horas de conversa louca e sã
Permite-nos chorar e organizar emoções.
Vivamos cem anos ou milhões,
Ninguém fará tarte de maracujá,
Melhor do que a minha irmã!

Fátima Henriques


sábado, 15 de maio de 2021

P a L a V r a S

 


Comecei por aprender a escrever os números, ainda não andava na escola. Ensinada e motivada pelo meu avô paterno, nascido em 1918, analfabeto, mas que inspirado pelos números do relógio, sabia identificá-los e escrevê-los. Não morreu sem antes me transmitir o que "apenas" sabia escrever: os números.

Comecei por escrever os números, é verdade, mas as letras são a minha paixão. As letras, as palavras, as orações, as frases. As rimas, cruzadas ou emparelhadas, interpoladas ou encadeadas. Perfeitas ou pobres. Às vezes, pouco importa que rimem. Gosto das palavras. Quero-as sentidas. Saídas do coração, aquele lugar mágico onde estão alojadas. Quero-as com alma, timbradas da essência de quem as escreve. Gosto delas sem atropelos gramaticais. Gosto delas nas palavras cruzadas, nos quizzes e até na sopa. De letras ou na canja de galinha!


Fátima Henriques 

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Como está a criança em ti?

 


É urgente não deixar morrer a nossa criança interior.
Aquela que repara nos caracóis e nas borboletas do jardim,
Que cruza os dedos quando vê o rasto de um avião 
Que ouve um Não e não desiste, mesmo assim!

É pelos olhos dessa criança que vemos o essencial
Algo que Saint-Exupéry diz só se ver com o coração
De que vale viver a vida afinal,
Se não tivermos essa nossa criança como inspiração? 

Como está a criança em ti?



sábado, 27 de março de 2021

Amores-perfeitos



Amores assim perfeitos
Vivem amordaçados no pensamento
Deixando para trás corações desfeitos
Sedentos deste vital alimento

A perfeição dos amores
Nem entre deuses do Olimpo se vê
Como podemos nesta terra de calores
Vivenciar o que só nos Arquétipos se crê?


Nem na novela são perfeitos assim
Rodopiam entre intrigas e preconceitos
Acredito, por isso, que Amores Perfeitos
Só mesmo entre as flores do jardim


Fátima Henriques


sexta-feira, 19 de março de 2021

#diadopai



Santo Agostinho diz-nos que 
"a medida do amor é amar sem medida".

Se lhe pudesse falar,
Pedia-lhe para acrescentar:

A medida do amor é amar
Sem medida, imune à distância
Sem medida, mesmo na ausência
Sem medida, em qualquer circunstância! 

Ao nosso lado ou a partir das estrelas,
quem nos ama aponta-nos o caminho,
As pontes que unem, as ruas e as vielas
E sopra-nos ao ouvido: "Não estás sozinho!"

#diadopai

Fátima Henriques

segunda-feira, 8 de março de 2021

🌼Esta flor é para ti

 



🌼Esta flor é para ti

Para ti, menina-mãe-mulher
Que sabe bem o que quer
Que arregaça as mangas e segue em frente
Sem medo de pensamentos vis e castradores
Segue cansada, porém bonita e crente
Segue sem perder a compostura
Porque para ti, menina-mãe-mulher
Desistir não é opção e nem lhe dás abertura
És alma leve e coração ardente
Ainda que, às vezes, no meio da amargura.

🌼Esta flor é para ti

Para ti, menina-mãe-mulher
Que vives amordaçada, de dor ao peito
De tanta injustiça e preconceito
E ainda assim não sentes rancor
Porque és fonte de vida e amor, 
Transformas muros em lugares de passagem
Mulher, és mensageira de paz e esperança 
Dos ventos fazes a tua viagem.
Leva-me contigo para a outra margem
Esse lugar do Belo e da Abundância.

Fátima Henriques

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Lá no alto estava ela...



 
Lá no alto estava ela,
Direita, com um respirar profundo,
Na montanha repleta de flores.
Ao fundo vê o vale verdejante,
O rio que corre com calma,
O pássaro que canta uma melodia vibrante.

A natureza a contrastar com o que lhe vai na alma.
Apressada. Em desassossego. A fervilhar.
Inquieta por saber o caminho a seguir,
Sôfrega por descortinar a missão a cumprir.

Ali no alto estava ela.
Cansada, decidida, bela.
Mil interrogações na cabeça.
Caneta e papel na mão.
Atenta, procurava registar
O que lhe dizia o coração.

De olhar vago e pensamento difuso,
Ainda não sabia ela
O seu lugar neste pedaço de mundo confuso.
Ainda não sabia ela
Que escrever com alma e coração 
Era o seu talento, a sua missão!