Poesia

Gosto da poesia das palavras
Das sílabas, da métrica
Da musicalidade.

Gosto da poesia das poucas palavras
Que em pouco dizem tanto
Um brilho na escuridão
Certeira com o coração.

Gosto das palavras por dizer
Gosto da poesia que sente
De olhos fechados
Que não mente
Da poesia que chega no rescaldo da noite
Vazia
Arrepia
E nos engole a alma
Entrelaçada noutra alma
Embrulhadas
Sedentas
Cristalizam numa só energia.

Gosto da poesia que não pensa
Que não escreve
Que chega, arrebate
Não pede licença
Dois, Três passos, movimenta
Fecha, xeque-mate!

Fátima Henriques 

amor-próprio

 

Decide colocar-se em primeiro
Corre, apressada
Resgata a alma com um simples batom vermelho.

Sem medo
Enfrenta o espelho
Aprende de uma vez por todas
A amar-se por in-tei-ro.

Sem ironia ou piedade
Ousa ver-se de verdade
Com alegria e um pó de vaidade.
Porque não?

Idade é tão só um detalhe
Exíguo, todavia pertinente
Amplia a alma em sabedoria
Muito além do corpo e da mente.

Amor-Próprio, porque sim.

Fátima Henriques

Palavra solta

 

Palavra que se solta
Mas cai muda
No coração de quem não se revolta,
Resignado às circunstâncias,
Às inconstâncias.
Cai no vazio,
Sem eco.
Não agita
As mentes descontentes,
Caladas, coniventes.

Palavra que se solta
Não tem volta
Ferve de teor
À espera de alguém
Que lhe dê forma e cor
Que a ponha em ação
Na vida de outrem,
No seu coração
Sem medo
Com tudo o que contém.
À prova de bala.
À prova de fogo.
Incisiva e até mordaz.
Não sossega
Não arreda
Bate com fervor
Até que haja paz
Paz e Amor.

Fátima Henriques

Se não posso rir...

 

Se não posso rir
De que vale existir?

Em mundo de gente séria
Quem ri um ror, sem tento
É doido, insano
E, para alguns, até blasfemo.
Controle-se, senhora!
Seja educada e não ria a esta hora!

Descobri
Que quem ri
Despropositada
E descontroladamente
Não é normal
Como a outra gente.

Essa insana risonha
Sou eu. 
Ri, chora e sonha.

Fátima Henriques
(original e secretamente escrito a 30/12/2021, 00:48 am)


[18 janeiro - assinala-se o Dia Internacional do Riso]